segunda-feira, 25 de julho de 2011

A preferência pelos clubes cariocas

O futebol surgiu no Rio de Janeiro por iniciativa de Oscar Cox, no distante ano de 1901. Filho de pai inglês e mãe carioca, Cox organizou naquele ano, a primeira partida de futebol do Rio de Janeiro. Jogaram brasileiros contra ingleses que residiam na cidade carioca. O jogo terminou empatado em 1 x 1, mas quem ganhou mesmo foi o futebol brasileiro.

No ano seguinte, foi fundado o Fluminense Football Club, o primeiro clube carioca de futebol. O Clube de Regatas do Flamengo surgiu em 1895, mas o com time de futebol em 1912.

Outro clube de regatas, o Vasco da Gama foi fundado em 1898 e deu inicio no futebol em 1915.

O Botafogo Futebol e Regatas, apesar de ter surgido em 1894, começou as atividades dentro de campo em 1942.

Os clubes cariocas ganharam fama e começaram a chamar atenção da torcida de outras partes do país, principalmente no Norte e Nordeste do Brasil.

No Sul, o Rio Grande Sul tem como referência a dupla grenal e no Paraná os clubes paulistas, Corinthians, São Paulo e Palmeiras.

Já em Santa Catarina, enquanto as regiões Oeste e de Serra são gremistas ou colorados, do Litoral, de Norte a Sul, a torcida é para Flamengo, Vasco da Gama, Botafogo e Fluminense. Mas, como surgiu a preferência da torcida por times do Rio de Janeiro?
                                      Segundo o comentarista esportivo rádios do Rio contribuiram   

Para o comentarista e ex-goleiro do Marcílio Dias, Eládio Cardoso, o interesse pelo futebol carioca surgiu com as transmissões das partidas de futebol pelas rádios do Rio de Janeiro.

- Antes da televisão chegar, a única maneira de acompanhar um jogo de futebol era pelo aparelho de rádio. Em Itajaí na década de 1960, as rádios que davam para sintonizar eram as da cidade do Rio de Janeiro, a Rádio Tupi e Rádio Globo - explicou o ex-jogador.
Para Marinho torcida para times cariocas está centrada no Litoral
 A mesma opinião tem Célio Marinho, comentarista esportivo há mais de 47 anos na região de Itajaí.

- As rádios Mauá, Continental, Globo e Tupi eram as únicas que se conseguiam ser sintonizadas e por isso acredito que surgiu o interesse da torcida pelos times do Rio. Eu mesmo comecei a torcer ouvindo rádio. Quando era criança, -

eu ouvia os jogos de futebol, sempre que meu vizinho colocava o rádio dele em cima do muro. Virei torcedor ouvindo rádio - recorda

Marinho ressalta que a torcida por times cariocas em Santa Catarina está mais no Litoral.

- Na Região Oeste e também na Serra temos uma torcida bem maior para Internacional e Grêmio. Nessas regiões do Estado temos muitas influências do Rio Grande do Sul. No Litoral temos uma outra realidade, já com uma torcida muito forte para os clubes da cidade do Rio de Janeiro - completou o comentarista esportivo.

Entre a torcida de Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo na região o que não falta é rivalidade.
Marcelo chegou a ir a Florianópolis torcer contra o rival Vasco da Gama
Marcelo Morgado, 36 anos, é um torcedor fanático pelo Flamengo e chegou até ir de Itajaí a Florianópolis só para torcer contra o rival Vasco da Gama.

- Este ano cheguei a ir ver Avaí e Vasco, mas não deu muito certo o Avaí perdeu – brinca o torcedor rubro-negro.

Vascaíno Fabrício Marinho começou a torcer por causa do pai
Fabrício Marinho, 40 anos, torce pelo Vasco desde criança e a paixão pelo time carioca começou por influência do pai. Quando pode, Marinho vai ver o time do coração jogar.

- Já fui ver o Vasco em Curitiba, Florianópolis e até quando o clube caiu parar a segunda divisão eu fui ver o jogo – conta.
                                             
Por causa de Rivelino Álvaro começou a torcer pelo Fluminense
Filho de pai vascaíno, Álvaro César Moreira, 54 anos, começou a torcer pelo fluminense em 1975.

- Foi quando Rivelino foi jogar no fluminense. A partir daí comecei a torcer. Hoje vou ver sempre os jogos. – explicou o torcedor.
Para Ismael Garrincha foi o grande nome da história do Botafogo
 Ismael Inácio Bento, 48 anos, é de uma família de botafoguenses e tem como ídolo Garrincha.

- Meu pai era torcedor do Botafogo e meus filhos são também. Garrincha foi o grande ídolo do time e anos esquecíveis como torcedor foi o título do Campeonato Carioca de 1989 e o Campeonato Brasileiro de 1995 – destacou o botafoguense.

A polêmica origem do Boi de Mamão

Boi de Mamão pode ter origem na Espanha e não em Portugal como é conhecido
Se você perguntar para um morador de uma das 15 ilhas do Arquipélago dos Açores (Portugal), o que significa a palavra “Boi de Mamão”, é provável que ele não saiba responder. Mesmo assim a manifestação folclórica praticada em Santa Catarina desde o século 19 é atribuída à cultura açoriana, mesmo nunca tendo existido nos Açores. Agora uma nova pesquisa tenta desvendar a origem ainda incerta do boi mais famoso de Santa Catarina.

No recém-lançado “O Boi de Mamão folguedo folclórico da Ilha de Santa Catarina - Introdução ao seu estudo”, o professor e folclorista Nereu do Vale Pereira, oferece mais uma pista de onde surgiu o folguedo. Para a surpresa de muitos historiadores o boi de mamão não veio do Boi Bumbá nordestino e sim dos espanhóis que aqui estiveram entre anos de 1500 a 1800.

Estudioso da cultura açoriana, o professor descarta a origem do folguedo nos Açores, contrariando o pensamento de muitas pessoas que divulgam a tradição.

- Nos Açores não existe boi de mamão. Há brincadeira com boi de verdade, no campo ou na corda - contesta o pesquisador.

Boi Bumbá é uma das explicações para a origem do boi catarinense
Segundo Pereira, o folguedo catarinense tem semelhança com práticas ibéricas ligadas às corridas de touros como Juego de La Vaquilla ou Touro de Mimbre, feito com bois falsos para iniciar os jovens nas touradas.

- Bem diferente da forma ritualística do Bumba Meu Boi nordestino, de influência africana - completou o professor.

O livro

Com 188 páginas, a obra aborda a origem do Boi de Mamão como folguedo folclórico em Santa Catarina, assim como formas de organização da brincadeira, desde a construção dos personagens e confecção do figurino, além da seleção das cantorias e treinamento dos cantores e dançadores para sair às ruas.

Livro tenta desvendar a origem do Boi de Mamão
O livro traz ainda ilustrações de obras feitas por artistas espanhóis no século 18, que mostram imagens de brincadeiras com bois falsos confeccionados em madeira, couro ou tecido.

O trabalho é o resultado da experiência de mais de 30 anos com o Boi de Mamão.

A brincadeira

O folguedo conta a morte e ressurreição do boi. O primeiro registro em Santa Catarina é do ano de 1830. Entre os personagens estão o proprietário do boi, a bermuncia e seu filhote, a maricota, o doutor, a viúva, o cavalinho, os outros bois, os corvos e o boi.

A polêmica origem do boi de mamão

Antigamente, a brincadeira era conhecida como “Boi de Pano”, mas com a pressa de fazer o personagem começou a ser usado um mamão verde para representar a cabeça do boi.

Brincadeira envolvendo o boi é encontrada também em outras partes do Brasil e são conhecidas como Boi

Bumba e Bumba Meu Boi.

Os bois mais famosos do país são o “Caprichoso” e o “Garatindo”, do Festival Folclórico de Parintins, nos Amazonas.

Não concorda

O professor e historiador Ivan Serpa considera um absurdo tentar encontrar a origem do boi na Europa. Serpa trabalha com o Boi de Mamão há dois anos, no bairro Itaipava, em Itajaí.

- O boi de mamão possui características de várias culturas e não só européia. É um erro querer atribuir a origem do folguedo aos espanhóis - disse.

Serpa concorda apenas que a brincadeira não tem origem nos Açores.

- No ano passado um grupo folclórico dos Açores esteve em Itajaí. Ninguém do grupo açoriano sabia dizer o que era a palavra Boi de Mamão – explicou o professor.



sexta-feira, 22 de julho de 2011

Caçada ao submarino alemão

 
Navio brasileiro "Tutóya" sendo torpedeado pelo U-513
     Quando o submarino alemão Unterwasser-Schiff 513 (U-513), comandado por Friedrich Guggenberger, veio para o Atlântico Sul, recebeu de Hitler uma única missão: afundar o máximo de navios em águas brasileiras. Guggenberger, então com 28 anos na época, chegou a ser condecorado por Hitler, após afundar um grande porta-aviões inglês.

           No dia 21 de junho de 1943, o navio de bandeira sueca SS Venezia foi a primeira vítima do U-513. A embarcação avistada próxima ao Arquipélago de Abrolhos, no litoral da Bahia, foi torpedeada. O navio afundou tão rápido que a tripulação não teve tempo de chamar SOS. O ataque do submarino alemão só foi descoberto uma semana depois, assim que parte da tripulação chegou em terra firme.
 
            Quatro dias depois, o alvo foi o navio petroleiro americano “Eagle”. Foram mais de 12 horas seguidas de perseguição ao petroleiro da Standard Oil. Ainda no litoral fluminense, o U-513 afundou, no dia 30 de junho de 1943, o navio brasileiro “Tutóia”.
 
O submarino alemão antes de iniciar mais um ataque
 
       Embarcação seguia de Paranaguá, no Paraná, para o porto de Santos, quando foi surpreendida pelo submarino alemão. Dos 37 tripulantes, 30 conseguiram sobreviver.

       Já em águas paulistas, o submarino alemão torpedeou no dia 03 de julho outro navio americano, o Elihu B. Washburne, próximo a Ilha Bela. O navio seguia também para Santos e transportava café para os Estados Unidos.

       Seguindo em direção ao Sul, o submarino comandado por Guggenberger afundou o navio inglês “Incomati”. No Litoral de Santa Catarina, aconteceu a última missão do U-513. Navegando próximo de Florianópolis, o “Richard Caswell” foi atacado e torpedeado no dia 16 de julho. O navio de bandeira dos Estados Unidos vinha de Buenos Aires com uma carga valiosa de tungstênio e magnésio.


O U-513 foi responsável por afundar diversos anvios na costa brasileira
               
          Ainda em mares catarinenses, Guggenberger cometeu um erro que foi fatal para sua derrota. Depois de uma longa conversa via rádio, o capitão americano Roy Whitcomb, que já estava no encalço do submarino alemão, conseguiu interceptar a conversa e fazer a sua localização. O submarino estava a cerca de 170 quilômetros de Florianópolis.


Comunicação interceptada ajudou na localização do subamrino no Litoral de SC
      
        Na manhã nublada do dia 19 de julho de 1943, o hidroavião PBM 5 Mariner, pilotado por Whitcomb, decolou de Florianópolis. O submarino alemão é localizado às 15h30 daquele dia. A tripulação, assim que avistou a aeronave americana, até tentou submergir novamente, mas não havia mais tempo.


Números circulados em vermelho são os submarinos alemães afundados no Brasil
          
        Seis bombas foram jogadas em direção ao U-513 e duas acertam o casco. Dos 46 tripulantes, sete sobreviveram, entre eles Guggenberger. O comandante alemão e os outros tripulantes foram resgatados quase um dia depois do ataque. Eles foram levados para a cidade de Recife e em seguida para os Estados Unidos.

U-513 é localizado

        As coordenadas deixadas pelo capitão americano Roy Whitcomb ajudaram Vilfredo e Heloísa Schürmann na localização do U-513. O casal de aventureiros assinou um convênio de cooperação com a Universidade do Vale do Itajaí (Univali) para localização e confirmação, por meio de prospecção oceanográfica, da posição do submarino. A descoberta veio na noite do dia 14 de julho de 2011, cinco dias antes de completar 68 anos do ataque que afundou o U-513.

       Os restos do submarino foram encontrados a 75 m de profundidade próximo ao Litoral de São Francisco do Sul. Para achar o U-513, Vilfredo e Heloísa foram aos Estados Unidos e à Alemanha pesquisar nos arquivos das marinhas americana e alemã. O filho Wilhelm comprou em Boston um radar do mesmo tipo do que localizou o transatlântico Titanic no Atlântico Norte, em 1985. As buscas foram feitas numa área a 75 quilômetros a leste de Florianópolis.
 
Hidroavião americano que afundou o submarino alemão U-513
           
        As buscas dos Schürmann se concentraram na área entre os locais onde o hidroavião americano patrulhava o mar e o ponto onde os náufragos foram resgatados, um dia depois do afundamento.

- Os relatos da época falam de uma mancha de óleo de 30 milhas levada pela corrente”, contou Vilfredo.

      Segundo o navegador, no local a profundidade é de aproximadamente 100 metros, fundo demais para mergulhadores. Vamos usar um submarino robô para filmar dentro do U-513. -disse.


Navio americano resgatou Guggenberg e seis tripulantes do U-513

        Durante a Segunda Guerra Mundial, foram afundados em águas brasileiras 11 submarinos alemães. Vários grupos de arqueologia submarina desenvolvem trabalhos de pesquisa documental para tentar achá-los, mas o U513 foi o primeiro a ser encontrado.

        Foram torpedeados de 22 de março de 1941 a 23 de outubro de 1943, 91 navios mercantes nacionais e estrangeiros por submarinos do Eixo (Alemanha, Itália e Japão).

Desapareceu na floresta

         Após ser preso no Litoral de Santa Catarina, Friedrich Guggenberger foi transferido para o campo de prisioneiros nos Estados Unidos. Guggenberger e outros prisioneiros de guerra conseguiriam fugir no dia 23/12/1944. A fuga durou 13 dias e os prisioneiros foram recapturados próximo a fronteira mexicana. Guggenberger foi libertado pelos Aliados em agosto de 1946.
 
Guggenberg (o terceiro da esquerda para direita) foi condecorado por Hitler
         Após a guerra voltou para a Alemanha e tornou-se arquiteto. No dia 13 de Maio de 1988, Guggenberger resolveu passear em uma floresta e nunca retornou. Seu corpo foi encontrado dois anos mais tarde.